sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Porque eu amo meu irmão e minha querida mãe sem-moral.

A cena é clássica para qualquer família brasileira de classe média que segue uma rotina. Café da tarde em família, acompanhado de um bolo. Estou na mesa com minha mamãe linda conversando sobre o dia cansativo. Passei uma tarde inteira entre computador, comida e televisão. Suei.

Mãe: Não acredito que seu irmão deixou aquela porcaria de bicicleta no sol de novo. Eu ainda nem terminei de pagar o conserto!

Ainda tento entender como três horas de exposição ao sol seriam prejudiciais a uma bicicleta. Mas recolho-me à minha insignificância de não saber absolutamente nada sobre o assunto. Fiquei calada e o celular dela tocou. Ela olhou para a tela posicionando-a um pouco mais longe.

Mãe: Olhaí! Falou no diabo.

"O diabo" = Meu irmão.

Mãe: HM!

"Hm" = Substituto impaciente para "Alô".

Matheus provavelmente não entendeu o resmungo e pediu uma repetição. Eu comecei a prestar atenção na conversa e conseguia ouvir a voz dele do outro lado da linha. Eis um relato fiel:

Mãe: O que é? Olhe, porque você deixou a bicicleta no sol outra vez?! Eu ainda não terminei de pagar o conserto, Matheus!

Matheus: Mãe, deixa eu ir jogar bola hoje?

Mãe: Se você estudar. É, deixo. SE VOCÊ ESTUDAR. Aliás, você estudou ONTEM?

Matheus: Estudei, mãe.

Ela olha pra mim. Eu sacudo as mãos como quem diz "sob-hipotese-nenhuma-ele-estudou" e depois faço um gesto com as mãos que indicam que ele ficou no computador. (O que eu poderia fazer?! Prejudicar o futuro acadêmico do meu irmão querido mentindo?! Claro que não!) Mamãe finge que usou sua intuição para saber disso e retoma a conversa.

Mãe: Não. Você não estudou.

Matheus: M...

Mãe: Não estudou! Eu SEI que você não estudou, Matheus. Agora... Pode ir. Mas você vai começar a levar a escola a sério, entendeu?

Matheus: Tá, mãe, tchau. Te amo.

Mãe: E vai guardar a bicicleta direito.

Matheus: Tá. Te amo, mãe.

Mãe: E vai me ligar dizendo a hora que você vai chegar em casa e com quem você vai chegar em casa e...

Matheus: Tá. Te amo, mãe.

Ela vacila. Meio hesitante, responde.

Mãe: Er... Também te amo, filho.

Eu explodo em risadas. Mamãe não se aguenta, gargalha bastante. QUER DIZER, depois de toda a bronca recebida ele ainda consegue derreter o coração dela desse jeito. E em menos tempo do que eu, na idade dele. ESSE é o meu irmão e ESSA é a nossa querida mãe <3

3 comentários:

Barbara Marques disse...

Ouvi a risada dela daqui
hahah
(adoro)

Matheus com aquela cara faz o que quer
hehe

Bianca disse...

Dinda pra sempre uma lenda viva. "Bia estou muito chateada com você, como é que você se comporta dessa maneira?"
e bla bla bla bla bla... no final, ela te dá uma BRONCA e vc NEM NOTA.
haahahahaha <3

Fabi Gorda disse...

A arte de "dobrar" os pais, o que um "te amo" não faz? rsrs!
beijo!