domingo, 21 de junho de 2009

Não precisa comentar.

Era uma vez uma menina que tinha muitos amigos. Quando ela cresceu se tornou uma garota cuja cor preferida era o rosa e cujo maior defeito era ser mimada. Ela sabia disso. Todos os seus amigos sabiam disso. Mas o que ninguém sabia era que o fato de ser mimada ou inocente não era também sua maior característica. Nenhum dos seus amigos sabia, portanto, que a sua maior qualidade não era dar risada de tudo ou ser otimista.

Ao longo da leitura vocês descobrirão, não se preocupem.

Um belo dia essa menina estava conversando com seus amigos e notou coisas que ela não entendia. Ela percebeu que seus amigos escondiam coisas dela. Mas ela compreendeu e pensou: "Até eu mesma tenho os meus segredos que não gosto de contar. Como o fato de eu ter aprendido a andar de bicicleta aos doze anos."

Quando pensou nisso, a menina se tranquilizou. Não havia de ser nada. Seus amigos ainda eram seus amigos mesmo que escondessem coisas dela, não é?

Não é?

É. E ela acreditava piamente nisso. Mas um outro belo dia a menina notou que seus amigos escondiam coisas dela entre eles. Como assim? Oras, ela percebeu que alguns segredos eram compartilhados por mais pessoas. A menina pensou, pensou... Então veio a luz da compreensão novamente dizendo-a: "existem pessoas que dão conselhos de amor, conselhos de família... Então seus amigos escolhiam de quem queriam receber esses conselhos e confessavam seus segredos para essas pessoas."

Fazia sentido. A menina tentou ignorar o fato de ser ignorada e por mais que aquilo lhe doesse ela procurava não se sentir menos amiga de ninguém.

Mas num terceiro belo dia seus amigos tiverem de contar alguns desses segredos. Não porque eles quiseram, mas porque eles tiveram que contar. A menina ficou chocada. Eram realmente uns segredos e tanto! Mas apesar de chocada ela entendeu. Só achou que eram coisas demais para um só dia e que deveriam ter lhe contado há mais tempo. Quando ela perguntou porque seus amigos haviam escondido isso dela eles disseram que queriam protegê-la, que achavam que ela não aguentaria aqueles segredos. Ela achou bonitinho. Ela compreendeu seus amigos. Mais uma vez.

Mas com o passar do tempo ela começou a achar que ela era a única dos seus amigos que era deixada de fora. E podia nem ser, mas a menina já estava tão decepcionada que não sabia se confiava ou não nas pessoas. A menina não conseguiu compreender só essa parte: "o que ela fazia ou dizia que colocavam a idéia de que ela era frágil demais?"

Com o tempo o questionamento mudou: "porque seus amigos achavam que ela não iria compreender os segredos deles se durante todo aquele tempo ela compreendeu algo muito mais difícil?"

Ao menos ela achava que era mais difícil compreender a falta de sinceridade do que simples segredos. Segredos que faziam parte dos amigos que ela tanto amava. E quando a gente ama nossos amigos, a gente aceita qualquer coisa vinda deles, correto? A menina aceitaria. Mas nem sempre lhes davam a oportunidade de fazê-lo.

A menina jamais deixaria seus amigos. Ela seria paciente e esperaria quando eles se sentissem à vontade para contar seus segredos para ela. Ela pensou que aguentaria esconder deles que por mais que ela os entendesse ela havia ficado magoada.

Mas aí ela se deu conta de que estava fazendo exatamente a mesma coisa que seus amigos fizeram com ela. Ela estaria escondendo um grande segredo. Então ela resolveu contar aos seus amigos como se sentia.

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